VIRUS
1º) A descoberta do vírus
O cientista alemão Adolf Mayer, em 1883, estudou a doença
do mosaico do tabaco. Essa doença causa uma descoloração e mancha nas folhas.
Mayer percebeu que podia
transmitir a doença de uma planta afeada para uma sadia apenas pela
pulverização da seiva extraída da planta doente. Após procurar por um micróbio
na seiva, ele sugeriu que essa doença era causada por uma bactéria minúscula
invisível ao microscópio.
Uma década depois, um cientista
russo Dimitri Ivanoswsky, passou a
seiva por microfiltros para tentar reter essa bactéria; ao passar o filtrado em
uma planta sadia, ele verificou que a doença voltava a se manifestar.
Yvanoswsky não conseguindo sucesso, pensou que a bactéria produzia uma toxina
que passava pelo filtro.
O botânico holandês Martinus Beijeirinck realizou uma série
de experimentos que mostrou que o agente infeccioso encontrado na seiva
filtrada podia se reproduzir e o mesmo não podia ser cultivado em meios de
cultura feitos em placas de Petri.
Desde então Beijeirinck foi considerado o primeiro cientista a enunciar o conceito
de vírus.
Em 1935 Wendell Stanley, um cientista americano, cristalizou a partícula
infecciosa, agora conhecida como vírus
do mosaico do tabaco – TMV – (tobacco mosaic vírus).
Experimento de Beijeirinck
vírus do tabaco (Fonte: Campbell pág 382) |
2º) Características
Vírus - deriva do latim - veneno
São seres microscópicos e acelulares.
Possuem grande poder de reprodução.
Sofrem mutações.
São parasitas intracelulares obrigatórios.
Podem possuir como material genético uma molécula de DNA de fita simples ou fita dupla; de RNA de fita simples ou dupla.
São seres microscópicos e acelulares.
Possuem grande poder de reprodução.
Sofrem mutações.
São parasitas intracelulares obrigatórios.
Podem possuir como material genético uma molécula de DNA de fita simples ou fita dupla; de RNA de fita simples ou dupla.
São
utilizados como agentes para a transferência de genes na terapia gênica.
Só
são visíveis na Microscopia Eletrônica.
3º) Estrutura
Um vírus é formado por um envoltório de moléculas de proteínas, o capsídeo, que protege o material genético. As
proteínas que compõem o capsídeo são específicas para cada tipo de vírus. Cada
molécula proteica do capsídeo recebe o nome de capsômero. O capsídeo mais o ácido
nucléico que envolve são ditos nucleocapsídeo.
Alguns vírus são formados apenas
pelo nucleocapsídeo; outros, porém, possuem uma cápsula proteica ou um envoltório externo ao nucleocapsídeo. Esses vírus são ditos vírus envelopados
ou vírus capsulados. Esses envelopes
são derivados da membrana da célula hospedeira, contém fosfolipídios e
proteínas da membrana. Eles também contêm glicoproteínas e proteínas de origem
viral.
O capsídeo pode ter a forma de bastão (vírus
helicoidais), ser poliédrico (vírus icosaédricos) ou apresentar forma mais
complexa (bacteriófago).
Cada tipo de vírus pode infetar
células de uma variedade limitada de hospedeiros, dita especificidade de hospedeiros do vírus. Os
vírus identificam as células hospedeiras por um encaixe “chave-fechadura” entre
as proteínas da superfície viral e as moléculas receptoras do exterior das
células. Por exemplo:
·
Vírus do sarampo só infecta o homem;
·
Vírus da gripe humana infecta somente as vias respiratórias
superiores;
·
Vírus HIV infecta somente os leucócitos
·
Exceção: vírus do Oeste do Nilo e o vírus da encefalite
equina são vírus que infectam pássaros, cavalos, mosquitos e o
homem.
3 -1: BACTERIÓFAGO T4
Os bacteriófagos são vírus de DNA
ou RNA. Sempre formados apenas pelo nucleocapsídeo, ou seja, não existem formas
envelopadas. Os mais estudados são os que infectam a bactéria Escherichia coli, conhecidos como FAGOS T. Estes
são constituídos por uma cápsula proteica bastante complexa que apresenta uma
região denominada “cabeça” com
formato poligonal, envolvendo uma molécula de DNA, e uma região, a “cauda”, com formato cilíndrico, contendo em sua
extremidade livre fibras proteicas.
O bacteriófago Lambda (λ), que infecta E. coli, contém mais de um tipo de cadeia polipeptídica e apresenta um capsídeo com simetria icosaédrica (poliedro de 20 faces).
Os principais componentes do bacteriófago lambda são o seu material genético e o revestimento da proteína fora. Bacteriófago lambda consiste de oito proteínas, uma molécula de DNA de cadeia dupla, as fibras de cauda e uma cauda.
3- 2: HIV
O HIV (human immunodeficiency
virus), o vírus da AIDS é um retrovírus.
O HIV está presente no sangue, no
sêmen, no fluido vaginal, na lágrima, no leite materno e na saliva de pessoas
infectadas.
Ele é um vírus envelopado formado
por duas
moléculas RNA, cada uma envolta por moléculas de proteínas
(nucleocapsídeo).
O conjunto é envolto por mais uma
camada proteica, formando uma estrutura dita core. Envolvendo
o core, existe o envelope, composto por uma camada dupla de lipídios, na qual
estão imersas várias moléculas proteicas específicas desses vírus. Na face interna
da camada de lipídios, prendem-se várias outras moléculas proteicas.
No interior do vírus, existem
moléculas de um certo tipo de enzimas dita transcriptase reversa,
que permitem ao vírus fazer uma molécula de DNA a partir da molécula de RNA.
Essa enzima está presente em todos os retrovírus.
Outras enzimas
presentes no HIV:
·
Proteases: ajudam na síntese da cápsula viral
·
Integrase: auxiliam na associação do DNA viral
com o DNA dos cromossomos dos linfócitos
4º) Partículas subvirais
Viroides: exclusivo de células vegetais,
são moléculas de RNA circulares de cadeia simples com as extremidades unidas,
que se alojam no núcleo da célula. Os viroides não codificam proteínas, mas
podem se replicar nas células vegetais hospedeiras.
O RNA causa erros nos sistemas de
regulação que controlam o crescimento das plantas, ocasionando um
desenvolvimento anormal.
Virusoides: são moléculas
infecciosas de RNA com as mesmas características dos viroides, mas diferem
destes por necessitarem de um vírus para se propagar e o seu genoma está
encapsulado em uma estrutura proteica codificada por ele. O RNA de um virusoide
multiplica-se apenas se a célula já estiver infectada por um vírus.
Príons: são moléculas de proteínas
infectantes resistentes à inativação por procedimentos que normalmente degradam
proteínas e ácidos nucleicos. Eles alteram a forma de outras proteínas, que
passam a se comportar como príons.
Os príons atuam silenciosamente,
com um período de incubação de pelo menos dez anos antes do desenvolvimento dos
sintomas; eles também são indestrutíveis e também não são desativados pelo
aquecimento em temperaturas normais de cozimento.
Doenças causadas por príons são
chamadas de encefalites espongiformes,
uma vez que o encéfalo dos animais afetados adquire um aspecto de esponjoso.
5º) Ciclos Reprodutivos do vírus
Lisogênico:
não mata a célula hospedeira.
Lítico: mata a
célula hospedeira
A) Ciclo de vida
do bacteriófago
Existem três
formas básicas desses vírus :
v
Vírion:
é a partícula viral completa, madura, encontrada fora da célula.
v
Fago
virulento: é o vírus que ataca e destrói a célula hospedeira.
v
Fago
temperado ou prófago: é o tipo de vírus que incorpora o seu ácido nucléico
ao da célula hospedeira, normalmente sem destruí-la.
No ciclo de
infecção da E. coli por esses vírus
distinguem-se as seguintes fases:
Ø
Adsorção:
consiste na fixação do fago pela
cauda, em determinada área da parede bacteriana. A fixação ocorre numa região
específica, onde exista afinidade entre as proteínas da cauda do fago e os
receptores da parede celular.
Ø
Penetração:
corresponde ao ataque executado na parede bacteriana pelas enzimas da cauda do
fago. Essas enzimas, então ativadas, agem nas ligações que garantem a coesão da
parede celular, enfraquecendo-a.
Ø
Injeção:
consiste na introdução do DNA viral no interior da célula bacteriana. Nesse
caso, somente o DNA do fago penetra na célula. A sua capa protéica permanece
for a, fixa na parede bacteriana. Certos vírus, porém, como o da gripe e dos
herpes simples, que infectam células eucarióticas, penetram inteiros na célula
hospedeira.
Ø
Eclipse:
caracteriza-se pelo início das atividades do DNA viral, que provoca uma
desorganização total no funcionamento celular. O DNA do Fago passa a controlar
todo o metabolismo celular. São produzidas, inicialmente, as enzimas
codificadas pelo DNA viral. Esse DNA, em seguida, se multiplica. São
sintetizadas as moléculas protéicas da capa do fago. Finalmente, os fagos se
organizam. Em geral, trinta minutos após a infecção da bactéria, de cem a
duzentos novos fagos são formados.
Ø
Liberação:
acontece no momento da lise ou seja, do rompimento da parede bacteriana com a consequente
liberação dos novos fagos. A bactéria é destruída. Pela ocorrência de lise,
esse ciclo reprodutivo é dito lítico.
Certos fagos
parasitam E.coli sem destruí-la. Esse
ciclo é dito lisogênico. O DNA viral,
após ser injetado, incorpora-se ao DNA circular da bactéria, passando a se
comportar como se fosse parte integrante dele. Assim, duplica-se juntamente com
o DNA bacteriano, sem causar-lhe danos, pois a atividade bacteriana permanece
inalterada.
As bactérias que convivem com o fago temperado são ditas lisogênicas. Essas bactérias se
reproduzem normalmente e o DNA viral é transmitido às novas bactérias sem se
manifestar. Em certas condições naturais o DNA do fago separa-se do DNA
bacteriano, e um novo ciclo lítico é iniciado. Esse fenômeno pode também ser
introduzido artificialmente, por fatores como os raios X, radiações ultravioleta
e agentes químicos
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